terça-feira, fevereiro 12

Latvala, princípe da Suécia

A segunda jornada do campeonato mundial de ralis teve novamente emoção até ao segundo dia de prova, altura em que o escalonamento final ficou decidido. Até aqui nada de novo, não fossem os intervinientes desta história serem diferentes dos habituais.

Poucos, muito poucos previram que o jovem finlandês da Ford, Jari-Matti Latvala iria demontrar tal superioridade na prova sueca, mas a maturidade demonstrada nesta prova certamente ficará por muito tempo nos livros de ralis.

Antes da prova, a organização tranquilizou os concorrentes com a promessa de existência de neve nas classificativas suecas, mas tal não aconteceu. A fina camada de neve, cedo se tranformou em lama, e as condições de aderência certamente não eram as melhores, pelo que a única prova de 2008 de neve… não o foi.

Devido ao mau resultado no rali de Monte Carlo, Jari-Matti Latvala partia atrás da maioria dos rivais, e aproveitando a estrada mais limpa no primeiro dia, foi somando triunfos em especiais, e acumulando uma vantagem aproximada de um minuto para o concorrente que o precedia na classificação. Ao final do primeiro dia, a surpresa era geral, mas a questão colocada era se suportaria a pressão da liderança de uma prova durante dois dias, e qual a resposta dos adversários. A surpresa do primeiro dia prolongou-se para os restantes, não pela superioridade, mas pela maturidade de saber controlar os andamentos dos adversários, e manter uma distância segura que lhe permitisse vencer a sua primeira prova do mundial. Mesmo com dois percalços, diga-se toques no última dia, foi uma exibição espectacular, e deu razão a Malcolm Wilson quando o atribui a difícil tarefa de substituir Marcus Gronholm.

Mikko Hirvonen partia para esta prova com ambições à vitória. Mas após as primeiras especiais reconheceu que alguém da parte de trás do pelotão iria sair beneficiado das condições do terreno, e que para ele contentar-se com a segunda posição foi uma mal menor. Mesmo sem o fulgor habitual, Hirvonen consegue juntar duas segundas posições, e com este resultado alcançar a liderança do WRC.

Gigi Galli voltou às boas exibições, num terreno onde se sente particularmente à vontade. Apesar de uma luta muito interessante nos primeiros dias com os outros “homens da Ford”, Galli chegou ao final do rali com o seu primeiro pódio no WRC, fazendo uma tripla Ford nos primeiros lugares.

Petter Solberg começou o rali com pé direito, vencendo a primeira super especial e assumindo a liderança da prova. Mas com o “velhinho” Impreza foi sol de pouca dura, e foi perdendo algumas posições na tabela classificativa. Fazendo uma prova isolada, aproveitou os azares alheios para chegar à quarta posição, e ostentar o título de primeiro “não Ford”.

Se Latvala se sagrou o mais jovem piloto a vencer uma prova do WRC, certamente terá que se acautelar com o norueguês Andreas Mikkelsen. O jovem de 18 anos fez mais uma prova muito interessante com um Ford Focus WRC 06, e certamente será uma nome a reter no futuro (e que provavelmente já está contractualmente ligado à M-Sport, os caça-talentos). Protagonizou uma luta interessante com Malcom Wilson pela quinta posição, mas o abandono do britânico no último dia da prova, abriu as portas ao protegido de Gronholm, ao seu primeiro top five. Na certeza que, talvez, sem o abandono de Wilson, Mikkelsen também ficaria nesta posição.

A Citroën foi a grande derrota da ronda sueca. Após o abandono de Loeb, Daniel Sordo teve que defender as cores vermelhas da marca francesa. Mas com com uma penalização à partida da prova de 5 minutos, pouco havia a fazer senão esperar pacientemente que o piloto espanhol subisse na classificação. E assim aconteceu, acabou na sexta posição, somando os primeiros pontos da temporada, mas fazendo uma exibição a espaços muito positiva. Sem a penalidade ficaria na quarta posição.

O sétimo lugar ficou na posse de Toni Gardemeister, que alcança assim o melhor resultado até agora do SX4 WRC. Mesmo assim, foi uma prova cheia de problemas, tanto com o concorrente como com a viatura. A fiabilidade continua a não ser uma ponto positivo do carro, mas a perseverança deu resultados. Gardemeister que protagonizou uma cena caricata. Após uma saída de estrada do SX4, os espectadores tiveram dificuldade em organizar-se para repor o carro na estrada, e foi o navegador Tomi Tuominen, que como chefe de fila deu instruções aos “ajudantes”.

No último lugar dos pontos ficou o vencedor da produção Juho Hanninen, em Mitsubishi Lancer Evo IX. Protagonizando uma luta titânica com o sueco Patrik Sandell, em Peugeot 207 S2000, o finlandês prometeu à entrada do último dia da o tudo por tudo. Com “armas” diferentes, e muito coração nunca deu espaço a Sandell, que acusou a pressão despistando-se a 3 especiais do fim. Hanninen fez uma exibição meritória e vingou-se da desclassificação obtida no ano passado. Na segunda posição do PWRC ficou Jari Ketomaa em Subaru, e em terceiro Patrik Sandell que ultrapassou o checo Martin Prokop (Mitsubishi) na última especial. Armindo Araújo e Bernardo Sousa foram sétimo e oitavo da produção mundial, respectivamente.

Notas para as exibições positivas de Per-Gunnar Andersson em Suzuki SX4, que a jogar em casa ainda fez alguns bons cronos até ao motor ceder, e para Mads Ostberg, que em Subaru Impreza WRC, andou a espaços à frente dos oficiais. As saídas de estrada fizeram diferença, mas no final ainda subiu até à nona posição.

O azarado do rali foi Henning Solberg, que defendendo as cores da Stobart, imprimiu um ritmo diabólico, chegando a perigar a posição de Mikko Hirvonen. A meio do segundo dia de prova, tudo começou a correr mal. Primeiro um furo fê-lo perder muito tempo, inclusivamente perdendo a terceira posição para Galli, mas na especial 11, Vargasen, despistou-se contra uma ponte, danificando irremediavelmente o Focus WRC, acabando por ali a sua participação.

Completamente irreconhecível esteve Sebastien Loeb. O campeão francês acusou o facto de ser o primeiro na estrada, e quando tentava recuperar algum tempo cometeu um erro, que teve como consequência um capotanço. Mesmo levando a viatura até parque de assistência, a mecânica do C4 não aguentou e foi obrigado a desistir no primeiro dia. Se não era normal erros deste calibre, no segundo dia, após um ataque nas primeiras especiais, o motor voltou a dar problemas, e voltaram a abandonar. No entanto, há quem diga que a gota de água foi uma multa por excesso de velocidade numa das ligações. Certo é que foi um fim-de-semana destatroso para Loeb.

Próxima prova: Rali do México, 28 de Fevereiro a 2 de Março.

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