domingo, agosto 16

Adruzilo no melhor e no pior do RVM

Remexendo em fotos pessoais de arquivo encontrei uma tirada em 2001, junto ao Hotel da Ajuda do Peugeot 206 WRC do Adruzilo Lopes. Poucas horas antes o piloto de Vizela vencera a 42ª edição do Rali Vinho Madeira, um intento que procurara incessantemente desde que participara na prova madeirense com o Peugeot 306 Maxi.
Associar o nome Adruzilo Lopes ao Rali Vinho Madeira é associar ao espírito de luta, ao sucesso, mas também ao azar e à tragédia. Desde 1996 que Adruzilo, sempre acompanhado por Luís Lisboa na Peugeot Sport, era dos principais animadores da prova madeirense. A prova que contava para o Campeonato Europeu tinha sempre pilotos muito rápidos – Piero Liatti, Andrea Aghini, Philippe Bugalski, Gilles Panizzi, Bruno Thiry entre outros eram “ossos duros de roer”, mas que constituam um desafio maior para a armada portuguesa. Não raras as vezes que Adruzilo e Lisboa (seu cunhado) passavam pela liderança, mas por uma razão ou por outra não conseguiam finalizar no topo da classificação.
O lado mais negro ocorreu em 1998. Surpreendentemente (ou não) liderava o rali da Madeira contra o especialista de asfalto, e companheiro de equipa, Gilles Panizzi. Um toque numa classificativa matinal, levara a uma intervenção no Parque de Assistência no Peugeot 306 Maxi, onde a suspensão traseira foi alterada. Na classificativa do Paul da Serra, numa das rectas mais rápidas do rali (com velocidades superiores a 160Km/h), a roda traseira saltou - provavelmente devido a algum erro na colocação durante a assistência. Adruzilo Lopes perdeu o controlo da viatura e despistou-se, colhendo alguns espectadores e provocando a morte de dois deles. Foi o único acidente mortal da prova madeirense até hoje. Nessa edição de 98, acampei no Chão da Lagoa, e a noite foi terrivelmente silenciosa, contrastando com o ambiente de festa que se vivia nos dias de rali.
Depois do 3º lugar em 1997, e dos abandonos em 98, 99 e 2000, Adruzilo entrava na edição de 2001 com uma tarefa complicada, quase impossível - tinha a última chance de vencer. Como adversários estavam a Procar com Liatti e Aghini (Subaru), a Grifone com Cédric Robert e Toni Gardemeister (Peugeot 206) e os competitivos pilotos Henrick Lundgaard e Armin Kremer nos Toyota Corolla WRC. Para "ajudar à festa" contava com a estreia de Miguel Campos no 2º Peugeot 206 da equipa portuguesa. Adruzilo foi surpreendido por Kremer, que na estreia na Madeira entrou ao ataque. No entanto o Caminho dos Pretos foi fatal para o alemão, que se despistou violentamente, deixando o Corolla WRC muito mal tratado. As primeiras especiais passaram e Adruzilo foi construindo uma vantagem sobre os principais adversários – os homens da Procar. Se para o segundo dia tudo parecia em aberto, com pretensões dos italianos em chegar a Adruzilo, o que se passou foi o contrário – Miguel Campos em estreia, e com uma lesão no pé, foi buscar nas últimas especiais Liatti e Aghini, efectuando uma “dobradinha” da Peugeot na Madeira. Nesse ano, Adruzilo sagrou-se campeão com uma pequena ajuda na última prova de Miguel Campos, e abandonou a Peugeot com o título nacional de ralis.
Mostrando que quem sabe não esquece, venceu o Grupo N convencional em 2008 com o Impreza N11 Spec C e repetiu a dose (mas desta vez só nas contas do campeonato nacional) com o Impreza 2009 preparado pela ARC Sport.
RALI VINHO MADEIRA 2001 - edição Silvio Cró.

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