quinta-feira, agosto 13

O "caloiro" do Posto 15

Num blog maioritariamente dedicado aos ralis, certamente será estranho o destaque dado às provas realizadas no Autódromo do Algarve, nomeadamente à Le Mans Series. Pois é, desta feita dediquei-me às pistas… melhor dizendo às “bandeirinhas”.
Há uns meses recebi um mail com uma ficha de inscrição para Comissário no AIA. Um pouco a sério, um pouco a brincar mandei os dados, e esperei resposta. O primeiro contacto surgiu mediante um convite endereçado para “comissariar” no Circuito da Boavista Clássicos, mas foi em cima da hora, e com a agenda preenchida foi impossível participar. Então presencia uma formação teórica, no circuito leccionada por responsáveis do Motor Clube AIA onde deram as bases para a função de comissários, e informaram que a Prática seria no Le Mans Series.
Acompanhado pelo Celso Guerreiro (e também o Telmo Simões, mas que compromissos pessoais impediram a presença no fim-de-semana), escolhi o horário A, que mais se adequava aos horários, para que fossemos juntos e partilhássemos boleia. Com antecedência levantamos os fatos cor-de-laranja de marshall, que mais parecia um tributo ao PSD – curiosamente no primeiro dia pensava que tinha engordado (ainda mais) durante a noite. Afinal troquei de calças com o Celso.
Na escala de turnos, fiquei no Posto 15, na curva Craig Jones, com o chefe AIA “Huba”, o Jorge Carriçal e supervisionado pelo chefe do ACDME, Pedro. O primeiro dia, Quinta-Feira, decorreram os treinos livres da Formula Renault 3.5, da Formula Le Mans, Radical e Le Mans Series. A curva é uma esquerda muito rápida, onde muito raramente ocorrem problemas, facto que limita as intervenções dos comissários – a excepção era as bandeiras azuis, mostradas aos concorrentes mais lentos que estavam a ser dobrados. Se numa fase inicial me limitava a observar, e aprender com os mais experientes, com o cair da noite fiquei responsável pela iluminação luminosa – pioneira em Portugal, com substituição das bandeiras por semáforos luminosos. Se à noite era difícil perceber quem era quem, aos poucos com a viaturas em pista foi possível perceber quando e como dar as “luzes azuis” – os LM usavam luzes brancas, os GT amarelas, os mais rápidos piscavam os faróis. A experiência foi frutífera, e foi reconhecida pelos meus colegas, o que me valeu um convite para efectuar a prova nocturna (mas não estava no meu turno).
Depois de uma sexta activa (ver post “Quim na Antena 3”),veio um Sábado trabalhoso. Entrando às 6:30, do plano diário faziam parte três sessões de qualificação (Copa Leon, Superstars e CER) e cinco corridas (Radical, Formula Renault 3.5, Formula Le Mans,CER e SuperStars) com o Warm up da Le Mans Series pelo meio. Foram 10 horas consecutivas, quase sem parar – 15 minutos de intervalo entre competições, a efectuar as funções de comissário – observar, reportar, “bandeirar” e pronto para entrar em pista, caso fosse necessário. Felizmente, não foi necessário entrar em pista, excepto para verificar as condições do traçado entre provas. Agora, o agitar as bandeiras foi mais complicado – a falta de prática fazia com que atrapalhasse com o vento, ou mesmo com os braços… da próxima será melhor. Nada de significativo aconteceu em prova no posto 15. Aproveitei o facto de estar no AIA para ver a largada do pelotão do Le Mans Series na recta da meta, observando o despiste do 25 na volta de aquecimento e o toque entre os Porsche da Fellbmeyer (um deles conduzido pelo Francisco Cruz Martins).
No último dia, existiam queixas dos chefes “Huba” e Pedro, pois estes tiveram de plantão toda a prova, ou seja deitaram-se depois das 2 da manhã e às 7 já estavam a pé. Ficaram apenas 4 provas para o fim – Super Copa Leon, Superstars, Radical e Formula Le Mans. Novamente sem incidências a registar, o dia acabou com a foto de grupo na linha de meta.
Foi uma experiência enriquecedora, que espero repetir. As pessoas com quem trabalhei foram impecáveis, muito prestáveis e acima de tudo ensinaram muitos elementos que por vezes passam ao lado daqueles que apenas vêm as provas.

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