quarta-feira, fevereiro 9

Pilotos e Máquinas entrevistou Ricardo Teodósio

Dotado por natureza para a condução automóvel desportiva, considerado piloto espectáculo desde há vários anos, Ricardo Teodósio destaca-se pela forma peculiar de conduzir em competição o que contribui para ser acompanhado por centenas de fãs ás provas em que participa.


Ricardo Teodósio, natural da Guia - Albufeira – com 36 anos de idade, conquistou em 2010 o título de Campeão Regional de Rallyes Sul (VSH) e o título de vencedor do Troféu Regional de Slaloms do Sul.

Questão: 2010 foi um ano repleto de sucesso ?
Resposta: É verdade, foi um ano quase pleno de vitórias, em 14 participações foram 13 vitórias, com dois títulos, o do Campeonato Regional de Rallyes Sul e do Troféu Regional de Slaloms do Sul. O que foi muito bom.

Questão: Falando da competitividade dos dois campeonatos. Ganhaste algo folgado ou não ?
Resposta: Eu gostava que tanto um como outro fossem mais competitivos, inclusive tenho tentado que mais pilotos participem nos Slaloms, pois é uma disciplina, que pelo facto de se andar relativamente mais devagar em relação aos rallyes, dá para se ganhar mais confiança com o carro, por exemplo conduzir o carro em derrapagem controlada, fazer uns peões, etc… quem pensa que não vai aprender nada está completamente enganado. Por exemplo, quando se faz um tête perde-se mais tempo do que quando se faz um peão, se a pessoa souber fazer um peão, em situação de tête pode minimizar a perda de tempo, que normalmente é sempre superior a 8 ou 10 segundos. Quanto ao Regional de Rallyes acho que o nível de competitividade subiu bastante.

Questão: Tens noção de que o teu andamento é superior a outro qualquer piloto que anda no Regional Sul e Slaloms ?
Resposta: Infelizmente é verdade. Também é verdade que há pilotos que evoluíram e estão a andar mais depressa, inclusive já me ganharam troços.

Questão: A opção de fazer o Regional de Rallyes e de Slaloms foi porque não encontras-te patrocinadores para fazeres o Nacional ?
Resposta: Pois claro, a crise é generalizada e não vale a pena pensarmos em fazer Nacionais quando não há verbas para isso. Fazer um Nacional custa pelos mínimos 150.000 euros, mas a opção de fazer os Regionais foi também um pouco pelo cansaço de andar para cima e para baixo. Por outro lado como o Regional Sul é o melhor do país, tem bons pilotos e bons carros, achei que a minha participação iria valorizar o campeonato.

Questão: Participaste com um carro inferior a alguns dos carros que participaram ?
Resposta: É verdade, o meu carro é inferior, mas pronto, a minha experiência fez e faz a diferença. Por exemplo, há curvas que eu passo em terceira e eles passam em segunda, logo as velocidades são diferentes e isso reflecte-se no tempo registado pelo cronómetro.

Questão: Tens noção que pelo facto de participares nas provas dos Regionais arrastas muito público ?
Resposta: Sim, tenho noção disso e sempre que há prova tenho por hábito avisar alguns dos meus amigos. No ano passado, nos Slaloms, era fácil ver a moldura humana em que uma grande percentagem ia para me ver correr, pronto é uma prova diferente, que se realiza num determinado local, com acessibilidades boas e que permite dar visibilidade aos patrocinadores porque vai muita gente. Inclusive, na última prova do ano passado participei com três carros, o Mitsubishi Lancer, o Mazda MX5 e o Citroen Saxo.

Questão: Pode-se dizer que as corridas são a essência da tua vida ?
Resposta: É o que eu gosto de fazer, ao fim e ao cabo foi o que os meus pais me ensinaram a gostar ainda mais, porque eu já gostava. Pronto, agora gosto do que faço, sei o que faço e são muitos anos de experiência. Inclusive no ano passado também participei em seis provas de kart das quais ganhei cinco.

Questão: Falta falar de uma outra vitoria, a do Motor Show no Porto ?
Resposta: É verdade, depois de ganhar o Rally de Loulé, fui ao Porto para participar no Motor Show e vencer pilotos de renome como por exemplo o Didier Auriol, entre outros pilotos nacionais. Foi muito bom, foi um ano em cheio.

Questão: E este ano de 2011 o que vais fazer ?
Resposta: É assim, se houvesse dinheiro para fazer o Nacional ia fazer, mas, participar num campeonato com uma dezena de equipas, que se tiver a sorte de ganhar o sabor da vitória não é o mesmo, não tem expressão. Com o dinheiro que preciso para fazer o Nacional, faço o Regional, que tem vinte ou trinta equipas, faço o Open, onde a competitividade é mais elevada do que no Nacional e faço os Slaloms. Ou seja, com o dinheiro de um campeonato Nacional faço três campeonatos durante dois anos, que são mais competitivos. Por outro lado, em conjunto com o meu irmão, tenho a intenção de criar um Clube Fás, para proporcionar aos fãs irem comigo ás provas, terem a experiência de tirar uma Licença Desportiva, serem meus Navegadores num troço ou num rally. Obviamente que tudo isto tem um custo e os fãs têm que contribuir, pelo que o objectivo comum é reunir verba para eu participar numa prova aos comandos de um WRC. É um projecto que tem pernas para andar e eu espero concretizá-lo, pois muitas pessoas vão para as provas para me ver andar.

Questão: Tendo em conta a experiência que tens já pensaste em transmiti-la aos valores mais novos, criando uma escola ?
Resposta: Já, inclusive já falei com algumas pessoas mas essas pessoas não me ouviram. Eu tenho pena que junto à pista existente no Algarve não exista uma pista em terra, de forma a que eu possa transmitir o que sei, não só aos valores mais novos como a outras pessoas que queiram receber as minhas dicas para, por exemplo, poderem conduzir com mais segurança e ao esmo tempo desfrutarem dos carros que têm. Há muitas pessoas que têm carros potentes mas não os sabem utilizar a cem por cento por não terem mais conhecimentos e por vezes sofrem acidentes e aleijam-se, o que é lamentável.


Publicado no Pilotos e Máquinas do Diário Região Sul

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