quinta-feira, novembro 24

Crónica de Mário Castro do Rali Casinos do Algarve

O Rali Casinos do Algarve foi uma prova bastante importante para toda a equipa porque tínhamos muito a ganhar, mas se corresse mal, teríamos muito mais a perder. A ganhar, tínhamos a hipótese de obter mais uma vitória num rali e consequentemente alcançar o terceiro lugar absoluto do CPR, que atendendo ao desenrolar do campeonato acaba por ser positivo.

A perder tínhamos precisamente a hipótese de obter mais uma vitória, o que não acontece todos os dias, e com isso perder também a oportunidade de recompensar os nossos patrocinadores com o devido retorno. Quanto é ausência de 3 dos nossos principais adversários, apenas posso dizer que foi uma opção deles por razões que só a eles lhe diz respeito, mas mesmo assim estiveram presentes pilotos de grande valor como o Vítor Pascoal, o João Silva e o Ivo Nogueira. Todos estes três pilotos tinham hipóteses de terminar o campeonato á nossa frente, o que quer dizer que de um honroso terceiro lugar, caso vencêssemos o rali, a um medíocre sexto lugar atendendo ás nossas pretensões para este ano, era apenas um pequeno passo, ou melhor, um pequeno erro.

Sendo assim, entramos para o rali com vontade de andar rápido mas sem qualquer excesso e foi o que aconteceu, mas infelizmente logo na primeira especial sentimos graves problemas de travões que se foram agravando ao longo das 5 especiais que compunham a 1ª secção do rali. Isso obrigou-nos a ter muitos cuidados para não sair de estrada porque nunca sabíamos quando o carro travaria ou não, mas o Pedro esteve impecável ao nível de motivação e concentração e conseguimos aguentar os nossos adversários atrás de nós. Para a parte da tarde optamos por manter os pneus intermédios conforme os nossos principais adversários, excepto o Ivo Nogueira, mas sabíamos que com os problemas de travões resolvidos não seria necessário andar acima dos limites para segurarmos o primeiro lugar e foi isso que aconteceu. Fizemos uma secção inteligente mas ainda assim não ganhamos para o susto quando furamos nos quilómetros finais da ultima especial do rali, perdendo mais de 30 segundos.

Não pareceu para quem estava a ver de fora, e muito menos para quem nem se deu ao trabalho de ir ver o rali e apenas se interessou em fazer comentários sem o mínimo de conhecimento de causa, mas esta foi uma prova muito difícil para nós devido aos vários contratempos pelos quais passamos e por isso considero esta vitória inteiramente merecida e da qual me orgulho muito em a ter conseguido.

Quanto á organização do rali, gostaria apenas de realçar quatro pontos: Em primeiro lugar, felicita-los por terem voltado ao rali no dia de Sábado e pelo desempenho que tiveram ao longo do desenrolar da prova. Em segundo lugar, gostaria de entender o porquê do CAA continuar a insistir em fazer um reagrupamento após um parque de assistência num rali de asfalto. Em ralis de asfalto não faz sentido nenhum fazê-lo porque ao fim de 30 minutos ou mais que possamos estar parados no reagrupamento, as condições meteorológicas podem alterar completamente e com isso a nosso escolha de pneus pode tornar-se desajustada ao tipo de piso, pondo mesmo em causa a segurança dos pilotos. Outra situação prende-se com o facto de dias antes do rali ir para a estrada, tive o cuidado de chamar a atenção ao CAA para o facto de não existirem parques de assistência com a duração de 20 minutos a meio de etapas num rali do CPR conforme estava previsto para este rali ao qual sempre me responderam que eu não tinha razão e que o regulamento até já tinha sido aprovado pela FPAK. Qual o meu espanto quando cinco minutos antes de iniciar a prova recebo um aditamento a confirmar a alteração do parque de 20 para 30 minutos. Todos erramos, e eu também já errei, mas isto é uma prova de que existe muita intransigência e falta de sensibilidade para com a opinião de quem dá o espectáculo neste desporto, que são as equipas participantes e isso não aconteceu pela primeira vez nem apenas com CAA. Por ultimo, não entendi o porquê de o CAA e alguns órgãos de comunicação social disponibilizar nesta edição do rali Casinos do Algarve as classificações referentes ao CPR juntamente com os da Taça de Portugal de ralis e não o fizeram da mesma forma em 2010 (neste caso campeonato regional ) e durante os ralis já realizados em que o CPR e a TPR se cruzaram!!... Será que todos os pilotos que participaram nas várias provas da Taça apenas viraram importantes na ultima prova do Ano porque o Teodósio foi o mais rápido neste rali??!!!...

Há ainda uma situação que não queria nada estar a falar mas como diz o ditado popular, “quem não se sente não é filho de boa gente”, e gostaria apenas de dar uma palavra perante as declarações que o Ricardo Teodósio deu no final do rali. Sempre reconheci, e reconheço, o Ricardo como um dos grandes valores do automobilismo Nacional e também como uma pessoa simpática e amiga, mas não posso deixar de reprovar este tipo de afirmações ou insinuações por parte dele porque: No inicio do ano, cada piloto tem o direito de escolher em que campeonato ou taça quer participar e todos eles sabem que o CPR é o melhor, mais mediático e mais desejado por muito que digam o contrário. Têm, ou pelo menos deveriam ter conhecimento dos Regulamentos referentes a cada um deles e por isso neste caso o Ricardo, se queria tanto vencer um rali do CPR, só tinha de arranjar um carro com as características técnicas homologadas para o CPR e aí sim teria todo o mérito numa possível vitória, como aliás já o fez várias vezes em edições anteriores mas nunca conseguiu ganhar. Por outro lado, ainda que o Ricardo tenha todo o mérito no andamento que imprimiu ao longo da prova, independentemente se nós (pilotos do CPR)nos interessamos pelos seus tempos ou não, ou se nós (pilotos do CPR) tivemos problemas ou não, nunca deveria menosprezar o valor dos seus adversários, até porque ele já lá andou muitos anos e nunca conseguiu ganhar nada. Por exemplo, mesmo este Ano vimos o Ricardo Moura e o Vítor Lopes a ganhar ralis com uma grande margem para os seus adversários e com carros idênticos e nunca se ouviu nenhum deles a dizer que até ganhou de forma brilhante e que os seus adversários o desiludiram. Há coisas, que tendo nós razão ou não, nunca se deve dizer publicamente.

Despeço-me da época 2011 com a noção de que poderíamos ter feito melhor, mas infelizmente as coisas nem sempre correm como desejamos ou até mesmo trabalhamos para as alcançar, mas não sabendo ainda o meu futuro, gostaria de pelo menos voltar a este campeonato em 2012 que apesar de estar cada vez pior, é um facto, continua na minha opinião a ser o melhor que temos no País.

Muitos parabéns a todos os pilotos e Navegadores que foram Campeões Nacionais, vencedores das Taças e troféus e espero que todos eles possam estar novamente em 2012 a animar o desporto que tanto gostamos.

Cumprimentos aos leitores de pregoafundo.com

Até breve….

Mário Castro

publicado em pregoafundo

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